📸 Sharenting: na Alemanha e Austria, filhos agora podem processar os pais por fotos postadas sem consentimento

Na Alemanha e na Áustria, adolescentes a partir dos 14 anos já podem processar os pais por imagens da infância postadas sem autorização. A decisão parte do reconhecimento legal do direito à própria imagem — um princípio que agora se estende aos filhos e coloca em debate uma prática comum na era digital: o sharenting, ou o hábito de compartilhar publicamente a vida dos filhos nas redes sociais.

Isso significa que, a partir dessa idade, os adolescentes são considerados juridicamente capazes de julgar se querem ou não ter suas fotos expostas. Caso se sintam invadidos, podem exigir a remoção dos conteúdos, recorrer à Justiça e até solicitar indenização por danos. Em casos graves, os pais podem enfrentar sanções legais.

O que muda com isso?

Ainda não há casos amplamente divulgados, mas o debate está crescendo — e deve se espalhar para outros países em breve. A questão é especialmente sensível para quem cria filhos longe do Brasil, muitas vezes em culturas com regras mais rígidas sobre privacidade, proteção de dados e exposição infantil.

Na Suíça, por exemplo, é comum ver orientações específicas sobre o uso da imagem de menores até mesmo em fotos escolares. Em outros países europeus, a legislação sobre proteção de dados (como o GDPR) já inclui as crianças como sujeitos de direitos digitais. A tendência é clara: as redes podem parecer inofensivas, mas o impacto emocional e jurídico é real — e crescente.

E o afeto? Onde entra?

Para muitas mães brasileiras que vivem no exterior, compartilhar fotos é mais do que vaidade: é uma forma de manter os vínculos vivos com quem está longe. Mostrar o crescimento dos filhos é também mostrar que estamos bem, que seguimos, que nos reinventamos.

Mas até onde esse compartilhamento é sobre afeto — e quando ele passa a ser sobre nós, adultos?

O futuro do sharenting: mais presença, menos exposição

Essa discussão não é sobre culpa. É sobre consciência. Os tempos mudaram — e a maternidade online precisa mudar junto. Isso não significa nunca mais postar uma foto, mas talvez repensar:

  • A frequência

  • O contexto

  • O tipo de imagem

  • E, principalmente, o impacto futuro para a criança que vai crescer e ver essa história contada por outra pessoa: nós.

📌 Se você vive fora do Brasil e sente esse dilema no dia a dia, saiba que não está sozinha. A maternidade migrante carrega outras camadas — culturais, emocionais e agora também digitais.

Você já pensou no que seu filho vai sentir ao ver suas fotos de infância na internet?



Jessica Gabrielzyk

Como autora brasileira especializada em vida de expatriados, escrevi “Maternidade no Exterior”, “Criando Filhos no Exterior” e “Mudando para o Exterior” para ajudar famílias a enfrentar os desafios de se realocar internacionalmente. Meu objetivo é capacitar outras pessoas a abraçarem suas novas aventuras com confiança e tranquilidade.

https://www.jessicagabrielzyk.com/pt/home
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